Ucrânia nega adiamento de troca de prisioneiros e culpa Moscou

Em um comunicado marcado por tom contundente, a Ucrânia refutou as alegações de que teria adiado a troca de prisioneiros acordada em Istambul, acusando a Rússia de praticar "jogos sujos" logo depois de um ataque com mísseis que matou três pessoas e feriu 22 em Kharkiv.

A rejeição veio via Telegram no sábado, 7 de junho de 2025, e foi assinada pelo Rustem Umérov, Ministro da Defesa da Ucrânia e chefe da delegação negociadora, representando o Ministério da Defesa da Ucrânia. O discurso apontou que as declarações russas – proferidas pelo assessor do Kremlin, Vladimir Medinsky – não têm fundamento nos acordos previamente firmados.

Contexto das negociações em Istambul

Na segunda‑feira, 2 de junho de 2025, representantes ucranianos e russos se encontraram em Istambul, Turquia, para a segunda rodada de conversações de paz. Segundo o comunicado oficial, o encontro resultou em um acordo que previa a troca de centenas de prisioneiros e a devolução dos corpos de 12.000 soldados mortos, um gesto de humanidade raro em meio ao conflito.

O Quartel‑General de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra da Ucrânia foi encarregado de organizar a logística da operação, que incluía transporte, verificação de identidade e cerimônias de repatriação.

Detalhes da acusação russa e a resposta ucraniana

Vladimir Medinsky alegou que Kiev havia "inesperadamente adiado" a troca indefinidamente, argumento que o ministro da defesa imediatamente contestou. "As declarações feitas hoje pela parte russa não correspondem à realidade nem aos acordos anteriores", escreveu Umérov, acrescentando que a Rússia estaria criando "obstáculos artificiais" para impedir a devolução dos prisioneiros ucranianos e dos corpos russos.

O discurso ucraniano também citou Andriy Kovalenko, autoridade do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, que usou o Telegram para condenar as declarações russas como "jogos desleais" e "manipulações".

“Moscou deve parar de fazer jogos sujos e retomar o trabalho construtivo”, enfatizou Kovalenko. A frase ecoou entre oficiais que temem que a retórica amplifique ainda mais a desconfiança entre as partes.

Os ataques que reacenderam a tensão

Enquanto a disputa diplomática se desenrolava, um ataque com mísseis russo atingiu Kharkiv na madrugada de sábado, matando três pessoas (algumas fontes apontam até quatro) e ferindo 22. A cidade, que tem sido alvo frequente de bombardeios, viu seus hospitais lotados e ruas cobertas de fumaça.

Em retaliação, autoridades russas relataram um ataque de drone ucraniano na região de Moscou, que deixou duas pessoas feridas. Os incidentes sublinham a escalada de violência que acompanha as negociações falhas.

Impacto humanitário e repercussões internacionais

Impacto humanitário e repercussões internacionais

A comunidade internacional tem acompanhado de perto a situação. A ONU destacou que a troca de prisioneiros é essencial para aliviar o sofrimento das famílias, que aguardam notícias há meses. Já a União Europeia pediu que ambas as partes respeitem o direito internacional humanitário e evitem retóricas que possam minar a confiança.

Especialistas em direito de guerra alertam que a manipulação de informações – como as alegações de adiamento sem evidências – pode ser considerada uma violação dos protocolos de Genebra, que exigem transparência nas trocas de prisioneiros.

Perspectivas e próximos passos

Com o fim da semana, o futuro da troca de prisioneiros permanece incerto. O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que continuará a pressionar Moscou via canais diplomáticos, enquanto o Kremlin ainda não ofereceu uma resposta oficial além das acusações iniciais.

Analistas acreditam que, se as duas partes não conseguirem alinhar suas narrativas, a operação pode ser adiada novamente, agravando a crise humanitária. Por outro lado, um avanço inesperado – talvez mediado por um terceiro país – poderia restabelecer a confiança e permitir a entrega dos 12.000 corpos prometidos.

  • Data do acordo: 2 de junho de 2025 (Istambul).
  • Número de corpos a serem devolvidos: 12.000.
  • Vítimas recentes: 3‑4 mortos e 22 feridos em Kharkiv; 2 feridos em Moscou.
  • Principais atores: Rustem Umérov, Vladimir Medinsky, Andriy Kovalenko.
  • Organizações envolvidas: Ministério da Defesa da Ucrânia, Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, Quartel‑General de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra da Ucrânia.

Perguntas Frequentes

O que está causando o impasse na troca de prisioneiros?

O impasse decorre das acusações mútuas: a Rússia afirma que a Ucrânia adiou o processo, enquanto Kiev contesta essa versão, dizendo que Moscou está manipulando informações para sabotagem. A falta de confiança, somada aos recentes ataques em Kharkiv e Moscou, dificulta a concretização do acordo.

Quantos prisioneiros e corpos estavam incluídos no acordo de Istambul?

O acordo previa a troca de centenas de prisioneiros e a devolução dos corpos de 12.000 soldados mortos, um gesto humanitário significativo dentro do contexto de guerra.

Como os ataques recentes influenciaram a negociação?

Os mísseis que atingiram Kharkiv, matando três pessoas e ferindo 22, aumentaram a tensão e alimentaram retóricas agressivas. O ataque de drone em Moscou, que feriu duas pessoas, também intensificou a desconfiança, tornando mais difícil a retomada de diálogos construtivos.

Qual é a posição da comunidade internacional?

ONU e União Europeia têm cobrado respeito ao direito internacional humanitário e têm incentivado as partes a cumprir o acordo de Istambul, alertando que manipulações de informação podem violar os protocolos de Genebra.

Quais são os próximos passos esperados?

A Ucrânia promete pressionar Moscou por vias diplomáticas; a Rússia ainda não respondeu oficialmente às acusações. Observadores esperam que, se não houver mediação externa, o processo possa ser adiado novamente, agravando a crise humanitária.

1 Comentários

Raphael D'Antona

Raphael D'Antona

Eles querem nos fazer acreditar que a Ucrânia está tentando ganhar culpa, mas quem realmente tira a espada da pedra são os que controlam a narrativa.
Essa história de "jogos sujos" é só mais um capítulo da campanha de distração.
Não há como confiar no que os veículos oficiais dizem.
O padrão de manipulação é repetido a cada rodada de negociações.

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