Lanús segura a pressão, marca no fim e deixa o Fluminense sob alerta
Um estádio pulsando, mais de 35 mil vozes e um roteiro que só o mata-mata oferece. Em La Fortaleza, o Lanús venceu o Fluminense por 1 a 0 no jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana. O gol saiu no apagar das luzes: Marcelino Moreno decidiu aos 44 do segundo tempo e explodiu a torcida argentina. Para um time que entrou em campo com cinco desfalques por lesão, foi mais do que resultado — foi sobrevivência em alto nível.
O Lanús chegou pressionado internamente. A lista de ausências mexeu na escalação e na forma de jogar. A saída foi reduzir riscos: linhas próximas, bloco médio/baixo bem compacto e agressividade nos duelos. A ideia era clara — tirar o conforto do toque do Fluminense, matar a transição brasileira e esperar a brecha. Funcionou. A equipe mesclou veteranos calejados com garotos da base, fez leitura correta dos momentos de pressão e soube esfriar o jogo quando precisava.
Do lado tricolor, o contexto pesou. O time vinha de um mês sem vencer no Brasileirão — a última vitória havia sido em 16 de agosto — e entrou na partida com a urgência de virar a chave no continente. O primeiro tempo teve posse e algum controle territorial, mas faltou infiltração com qualidade. Quando acelerou, o Flu esbarrou no último passe. E nas poucas vezes em que conseguiu romper, a finalização não saiu limpa.
A atmosfera em La Fortaleza fez diferença. O barulho empurrou o Lanús na bola dividida e no sprint final. Conforme o relógio andava, o jogo mudava de cor: o time argentino sentia que um golpe certeiro poderia aparecer. Na reta final, apareceu. Marcelino Moreno recebeu em boa zona, atacou o espaço e definiu com precisão. O 1 a 0 numa noite com cara de 0 a 0 cobra caro, especialmente em mata-mata.
O placar dá ao Granate uma vantagem mínima, mas valiosa. Não resolve, claro. Porém muda o tom estratégico da volta. O Lanús mostrou disciplina sem a bola e, acima de tudo, frieza para suportar a pressão e castigar no detalhe. Para quem conviveu com problemas físicos durante a temporada, esse comportamento competitivo vale quase como um reforço.
Para o Fluminense, o recado é duro e direto: não basta rodar a bola. É preciso acelerar em zonas perigosas, atacar a última linha com mais gente e recuperar a intensidade entrelinhas. O time até controlou partes do jogo, mas controle sem profundidade vira posse estéril. No Maracanã, o cenário tende a ser outro — campo conhecido, apoio massivo e mais iniciativa. Só que a execução no terço final precisa subir um degrau.
Vale lembrar o cenário do confronto: com a derrota por 1 a 0, o Flu precisa vencer no Rio. Um triunfo por um gol de diferença leva a disputa à prorrogação, e, se necessário, aos pênaltis; vitória por dois ou mais coloca o Tricolor direto na semifinal. Para o Lanús, empatar já basta. A gestão emocional desse contexto pesa: um gol cedo no Maracanã muda tudo; segurar o 0 a 0 por 30, 40 minutos também muda.
Alguns pontos táticos entram na lista de ajustes. O Fluminense precisa acelerar mais pelo corredor quando o rival fecha o meio, variar alturas dos meias para criar recepção nas costas dos volantes e pressionar segunda bola após cruzamentos — onde muitas decisões de mata-mata nascem. O Lanús, por sua vez, tende a repetir o plano: densidade defensiva, ataques diretos quando recuperar a bola e atenção máxima em bolas paradas a favor e contra.
Individualmente, a figura da noite foi Marcelino Moreno. Em jogos com poucas chances, quem tem a coragem de definir vira personagem principal. O gol saiu no momento em que a ansiedade já consumia os dois lados, e isso diz muito sobre a leitura do Lanús: paciência para esperar o erro e perna para aproveitar. Do outro lado, ficou a sensação de que o Flu poderia ter forçado mais as rupturas sem bola para abrir o espaço que não veio no passe.
O ambiente do Maracanã agora entra como ator central. O Fluminense costuma crescer em casa, e a torcida sabe jogar junto quando o time acelera. O desafio é não confundir urgência com afobação. Pressionar, sim; se expor de forma desordenada, não. O jogo de ida mostrou que o Lanús pune desatenção, mesmo com elenco remendado. É um alerta que não pode ser ignorado.
História recente também pesa na cabeça dos jogadores. O Lanús conhece mata-mata continental e já levantou taça. O Fluminense carrega quilometragem de Libertadores e de confrontos grandes no continente. Não há inocentes aqui. O que vai falar mais alto é a capacidade de transformar proposta em chances claras e chances em gol. Simples de dizer, difícil de fazer sob pressão.

Agenda, onde assistir e o que esperar do jogo de volta no Maracanã
O confronto de volta será no Maracanã, no Rio de Janeiro. A expectativa é de casa cheia e de um Fluminense mais vertical, com agressividade desde os primeiros minutos. O Lanús chega com a vantagem e a missão de esfriar o jogo, cortar ritmo e valorizar cada posse. O relógio será tanto adversário do Flu quanto aliado do time argentino.
Transmissão para quem quer acompanhar ao vivo:
- Brasil: Paramount+ (streaming)
- Estados Unidos: beIN Sports USA
Para o torcedor que mira o que pode decidir o confronto, ficam três chaves claras: intensidade pós-perda do Fluminense para evitar contra-ataques; eficiência nas bolas paradas, que ganharão peso num duelo truncado; e gestão de cartões e faltas táticas pelo Lanús para não expor sua zaga em ondas de cruzamentos. Quem controlar melhor esses detalhes abre a porta da semifinal.
No fim, a série está viva e aberta. A vantagem do Lanús é real, mas não é definitiva. O Maracanã costuma redesenhar histórias — e isso, por si, já vale o ingresso.