O Fim Impactante de 'Vale Tudo' em 1988
Quem viveu o fenômeno de Vale Tudo em 1988 sabe: o final da novela não deixou pontas soltas. Os autores jogaram luz sobre corrupção, recomeços e aquelas decisões que mudam destinos. O público viu cada personagem pagar — ou colher — o que plantou ao longo dos capítulos.
No centro desse desfecho, Ivan Meireles (Antônio Fagundes) sentiu o peso da lei. Seu personagem, que virou símbolo da honestidade colocada à prova, acabou preso por dois anos após subornar fiscais para liberar equipamentos retidos. O detalhe é que a trama não poupa ninguém: mesmo heróis podem cair por escolhas erradas. Quando sai da prisão, Ivan reencontra Raquel (Regina Duarte), que nunca o abandonou, mostrando um lado de fidelidade difícil de ver em tramas atuais. Ela foi do carrinho de sanduíches na areia a um império gastronômico que transbordou as fronteiras do Brasil. O crescimento de Raquel serve como lembrança: trabalho duro pode, sim, virar história de superação real.
Redenção, Reviravoltas e o Peso das Escolhas
A filha de Raquel, Maria de Fátima (Glória Pires), continuou fiel ao seu jeitinho de passar por cima de tudo por dinheiro. No último ato, ela aceita um casamento arranjado por César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli), mas longe do clichê romântico. O marido, um diplomata europeu, buscava esconder sua homossexualidade. A união acontece, mas no fundo escancara os jogos de aparência e interesses em mundos de fachada.
Heleninha (na época interpretada por Renata Sorrah, mas atualmente associada à atriz Paolla Oliveira em novas versões) venceu a dependência do álcool. O ponto de virada veio com a ajuda de William, seu novo parceiro, que ficou ao seu lado quando tudo parecia perdido. Para piorar, Heleninha ainda teve de lidar com um segredo: Odete Roitman, a grande vilã, era de fato responsável por um acidente fatal pelo qual Heleninha foi injustamente acusada. Essa revelação trouxe uma espécie de alívio, afinal, a verdade saiu debaixo do tapete no último momento.
Para fechar, Afonso (Humberto Carrão) encarou as consequências de seus atos e finalmente reconheceu seu filho junto à Solange (Lídia Brondi). O casal se reconcilia e mostra que admitir erros ainda é a forma mais direta de recomeçar. Solange, livre de amarras do passado e da insegurança, toma decisões em nome do próprio futuro.
O final de Vale Tudo é desses que marcam época, porque não entrega tudo de bandeja ou com finais felizes e fáceis. Cada personagem trilha um caminho cheio de escolhas, caindo, crescendo e, no fim das contas, aprendendo ou pagando pelos próprios atos. Difícil imaginar novela tão atual, mesmo mais de trinta anos depois.